Se você acompanha de perto o universo da gestão da qualidade, está ciente que o prazo para transição da ISO 9001:2008 para a ISO 9001:2015 se esgota em setembro de 2018. Então, se a sua empresa não estiver agindo a todo vapor, não conseguirá cumprir este prazo.
Mas, antes de pensar no prazo, você precisa saber o que é necessário fazer, para então estabelecer um cronograma de ações.
Na construção civil, nós sabemos que este desafio é um pouco maior, já que ao longo da obra são mobilizados e desmobilizados muitos profissionais –variando a cada etapa da obra, o que torna a manutenção do sistema de gestão da qualidade em um ciclo infinito de começo e recomeço.
Neste post você vai conhecer as principais ações a tomar para a transição para a ISO 9001:2015. Fique atento e mãos à obra!
Seção 4 – Contexto da Organização
Para atender aos requisitos desta seção da norma ISO 9001:2015 a construtora precisa entender a si própria e ao seu contexto. Para entender a si própria, é necessário que os principais gestores estabeleçam a missão, a visão e os valores do negócio.
Tendo claras estas premissas, os gestores precisarão mapear o seu contexto:
- Quem são os principais concorrentes locais, regionais, nacionais, etc.?
- Quais são as interferências em âmbito político, econômico, social, climático, legal, cultural, logístico e tecnológico sobre as atividades da construtora em cada um dos locais em que funcionam as suas obras?
Outro ponto importante é entender as necessidades e expectativas das partes interessadas, ou seja, identificar entre os diversos agentes que interagem com a construtora quais influenciam o Sistema de Gestão da Qualidade.
Essas partes interessadas podem ser: sócios ou acionistas, governo, clientes, colaboradores da empresa (empregados e terceiros), provedores externos (fornecedores, prestadores de serviço, subempreiteiros), etc.
Além disso, é necessário avaliar o escopo que será abrangido pelo Sistema de Gestão da Qualidade. Pode ser, por exemplo:
- edificações residenciais;
- obras civis industriais;
- obras de arte especiais;
- obras de saneamento básico; ou
- obras viárias.
A escolha do escopo é primordial para mensurar o esforço que será necessário para atender à norma da qualidade.
Seção 5 – Liderança
Na nova versão da ISO 9001, será necessário um envolvimento mais efetivo da alta direção no dia a dia do Sistema de Gestão da Qualidade, sobre o qual deverá prestar contas.
A figura do Representante da Direção deixou de ser exigida e suas atribuições migraram para a Alta Direção, que poderá delegá-las, mas terá a responsabilidade final sobre elas.
As atividades voltadas para manter o foco no cliente, assim como a Política do SGQ e os papéis e responsabilidades devem ser revisados, para adequá-los aos contexto, escopo e interesses das partes interessadas.
Seção 6 – Planejamento
O planejamento da obra terá que levar em consideração não somente as etapas típicas da obra, como também os riscos e oportunidades inerentes à obra e ao negócio da construtora – numa visão ampla das possibilidades – assim como os objetivos da qualidade a serem alcançados e as mudanças que se tornarem necessárias ao longo da sua execução.
Seção 7 – Apoio
Os recursos financeiros, materiais e humanos, assim como a infraestrutura e o ambiente necessários para a operação da obra já eram foco de atenção na norma ISO 9001:2008 e continuam sendo na ISO 9001:2015, mas a grande novidade está no requisito que a empresa deverá gerir o conhecimento organizacional. Como isso é possível:
- compartilhando experiências entre os gestores e colaboradores das diferentes obras;
- comparando o desempenho das obras;
- elaborando o “as built” das obras;
- fazendo o data book de cada obra;
- documentando todos os processos de trabalho das obras.
Outro ponto de destaque são os equipamentos de monitoramento e medição que passaram a ser considerados recursos de monitoramento e medição, isto para abranger as mudanças tecnológicas mais recentes.
Por exemplo: agora temos trenas a laser, sensores infravermelhos medindo temperatura e movimento, aplicativo para celular que filma um ambiente e gera a planta baixa automática com medidas exatas, os softwares de gestão também geram medições de serviços, etc. Esse não são mais equipamentos, mas sim recursos tecnológicos que contribuem para o processo de monitoramento e medição.
Seção 8 – Operação
Nesta seção, as grandes novidades são:
- nomear os antigos fornecedores como provedores externos – esta nomenclatura torna possível abranger fornecedores propriamente ditos, prestadores de serviços, provedores de serviço como: internet, desenvolvimento de software, subempreiteiros e tantos outros.
- controlar além da propriedade do cliente, também a propriedade dos provedores externos – os provedores externos deixam sob a guarda da equipe da obra, em locação, por exemplo: betoneira, trator, retroescavadeira, caminhão, furadeira, impressora e outros equipamentos diversos, que precisam ser bem controlados em termos de custo, manutenção, preservação, segurança e produtividade.
- gerir as mudanças em todas as etapas da operação da obra.
Seção 9 – Avaliação de Desempenho
Nesta seção o foco continua sendo o monitoramento, medição, análise e avaliação de indicadores relevantes para o negócio e a satisfação do cliente, a realização de auditoria interna e análise crítica do SGQ pela direção.
Seção 10 – Melhoria
A grande novidade aqui é que o conceito de melhoria foi ampliado para abranger: melhoria contínua, correção, ação corretiva, inovação, mudança revolucionária e reorganização.
Outro destaque é que não se fala mais em ação preventiva, pois ela passou a ser englobada pela abordagem de riscos e oportunidades, um conjunto de ações tipicamente preventivas.
Quer entender em detalhes cada um dos requisitos das seções da norma ISO 9001:2015? Então, navegue neste site acessando cada um dos links acima, por que explicamos cada um deles em detalhes.
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Texto escrito por: Luciene Almeida Costa – Consultora e Auditora de Sistemas de Gestão da Qualidade, Gestão Ambiental e Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional.